1.Hoje é dia 2 de julho de 2015, o 55º de 94 dias de gravação e, por coincidência, aniversário de Margot Robbie. Uma van pega todos os jornalistas às 8h no The Omni King Edwards Hotel e, após uma viagem de 20 minutos, estamos nos estúdios da Warner em Toronto, basicamente um grande conjunto de galpões – alguns com escritórios, outros com sets. Uma simpática mulher loira (Leslie Ann Sebert, artista de maquiagem) se apresenta como nossa guia
2.O primeiro ambiente que visitamos, em um galpão de escritórios, é uma sala de reunião. Há retratos gigantes em preto e branco de todos os personagens cobrindo as paredes, além de muitas artes conceituais. Vemos Katana entrando num helicóptero, Arlequina caída aos pés de um Coringa vitorioso, um avião destroçado no Japão e o Pistoleiro em sua cela com um rabisco na parede que diz “die bat” (morra, morcego)
3.Os produtores Charles Roven e Richard Suckle aparecem para conversar. Eles falam primeiro sobre Karen Fukuhara (Katana), que é uma das atrizes mais esforçadas do elenco, tendo treinado artes marciais no set desde março. Ela fez todas as suas próprias acrobacias na cena em que Katana confronta os eyeballs (gangue do Coringa)
4.Outra atriz pela qual os dois rasgam elogios é Cara Delevingne. Roven comenta que ela faz, na verdade, dois personagens: June Moone, a aventureira, e Magia, a feiticeira que se apossa do corpo de Moone – e que deve ser a vilã principal do filme. Embora o plot não seja revelado aos jornalistas em nenhum momento, é provável que Magia manipule governantes para executar algum plano grandioso
5.Richard se empolga ao falar de detalhes de figurino e produção. Ele conta que a jaqueta do Crocodilo levou muito tempo para chegar à versão final e que todas as palavras nas tatuagens e armas do Coringa têm significado. Aliás, sobre as tatuagens, ficamos sabendo que o tatuador de Toronto Rob Coutts é o responsável por criar as de Coringa, Arlequina e El Diablo. Ele passou meses bolando os conceitos junto à equipe
6.Somos levados a um cenário montado do lado de fora dos galpões. Trata-se de uma reprodução da Avery Street de Toronto, construída entre fevereiro e abril. É um cenário de guerra: há asfalto destruído, um jipe partido ao meio e cartuchos de bala espalhados por todos os cantos. Uma estranha gosma preta brilhante recobre algumas superfícies. No fundo, um viaduto colapsado bloqueia o caminho
7.Brandt Gordon, diretor de supervisão de arte, explica que haverá uma cena grande de ação aqui e que será gravada à noite – parte dela já apareceu no segundo trailer. “[O diretor] David Ayer gosta de fazer mais cenas com câmeras do que com CGI, por isso precisamos ter essas maquetes e cenários gigantes”, ele revela. O viaduto destruído foi um improviso: como o set só podia ter 60 m de comprimento, eles o incluíram para justificar a falta de continuidade da rua
8.Fazemos um passeio pelas salas de produção e chegamos a uma que parece ser da equipe de casting, já que dezenas de fotos de figurantes estão penduradas nas paredes. Logo em seguida fica uma sala cheia de maquetes. Oliver School, responsável pelo design de produção, conta que todos os cenários foram ilustrados e maquetados para serem apresentados a Ayer. É possível ver miniaturas de uma cena que terá dois helicópteros e outra que se passa em uma estação de metrô
9.Antes de sairmos para acompanhar as filmagens, somos levados a um galpão contendo os cenários da prisão, nos quais as filmagens acabaram em abril. Vemos as jaulas de diversos prisioneiros, como Pistoleiro e El Diablo, mas é a do Crocodilo que chama a atenção: simulando um esgoto, ela tem uma piscina de 2 m de profundidade. Pergunto a Oliver se a equipe se inspirou no game Arkham Asylum. Ele responde que eles “fizeram a lição de casa”, mas não usaram nenhuma referência específica
10.Contrariando os muitos avisos de Brandt, uma jornalista russa cai dentro do tanque, sendo levada por Leslie ao setor de figurino para trocar de roupa. Apesar do mico, ela não sai em tanta desvantagem: no final do dia, como pedido de desculpas, os produtores irão presenteá-la com uma placa de “perigo!” que ficava no cenário da cela – a moça é a única de nós a sair do set com um souvenir
11.Sem nossa colega russa, somos levados ao cenário da tal estação de metrô, baseada na Penn Station, de Nova York. O clímax do ato final do filme será aqui e, a julgar pelas manchas pretas, que reaparecem por aqui, acreditamos que Magia irá conjurar criaturas que lembram o simbionte Venom, da Marvel, para lutar contra o Esquadrão. Todo o cenário é feito de madeira imitando concreto, gesso e afins
12.Nossa próxima visita é à sala de figurinos, um galpão comprido e abarrotado de araras, onde reencontramos a jornalista russa e somos recebidos pela chefe Kate Hawley. Kate é uma mulher loira e alta e carrega um copo gigantesco (e cheio até as bordas) de café. Conforme fala, empolgada, ela não consegue evitar derramar café aos pouquinhos no carpete. Por ali há várias costureiras trabalhando e também Brian, o cachorro da produção, verdadeira estrela do lugar
13.Kate comenta que Ayer não queria “roupas de quadrinhos” e sim figurinos realistas, que parecessem feitos pelos próprios personagens – é daí que vem o aspecto kitsch tão criticado quando as primeiras fotos do filme saíram. Para ela, Arlequina e Coringa são ambos personagens “alfa” e seus figurinos estão repletos de pequenos detalhes para os fãs. Ela diz que Harley é uma mistura de diversas mulheres
14.Em um galpão garagem, somos apresentados a alguns veículos do filme, em especial o carro do Coringa, um Infiniti G35. Foram produzidos três modelos: um normal, um com o teto quebrado (para a cena com o Batman) e outro falso, para filmar as cenas dentro do estúdio. O responsável por criá-los geralmente leva um ano para produzir um veículo, mas criou os três em seis meses. Também está por ali a moto da Arlequina, uma Street 750 com poucas modificações
15.Nossa última parada é um set em locação, o Aeroporto Municipal de Buttonville em Toronto. Parte do local ainda está funcionando – e passaremos o resto do dia vendo pequenos aviões decolarem a alguns metros de distância. Mas outra parte foi transformada em set de filmagens, reproduzindo uma base militar em Midway City. O aeroporto não tem muros e, para proteger a filmagem de olhares curiosos, contêineres foram improvisados como paredes ao redor do set
16.Uma pequena tenda foi armada ao lado do set para receber os jornalistas. Um monitor transmite ao vivo o que está sendo filmado. Ao nosso redor, figurantes vestidos de soldado vêm e vão carregando rifles falsos. Na cena gravada hoje, o Esquadrão recupera suas roupas e pertences que haviam sido confiscados na prisão – o Pistoleiro pega um rifle, Arlequina pega sua lingerie e por aí vai
17.Uma presença corriqueira por aqui é o fotógrafo Clay Enos, que mostra a todos, em seu celular, a capa da próxima Entertainment Weekly, revelada hoje. É a primeira imagem de Batman, Superman e Mulher Maravilha juntos (afinal, a estreia de Batman vs. Superman ainda estava distante). Enos fotografa os filmes da DC desde Watchmen. Após Esquadrão, ele fará Mulher Maravilha, Liga da Justiça e talvez Flash e Aquaman
18.Em alguns momentos, alguém passa com um prato gigante de cookies para quem quiser pegar. Às 13h40, almoçamos com os figurantes vestidos de soldados. Como é muita gente, um galpão inteiro foi transformado em refeitório e ele fica completamente lotado. O cardápio tem salmão, frango, lasanha, três tipos de salada, arroz à grega e berinjela gratinada. De sobremesa: cookies e bolo
19.Em toda a parte da tarde, montamos base na tenda e os atores se revezam para vir falar com os jornalistas. Jared Leto (Coringa) e Cara Delevingne (Magia) não estão aqui hoje e Will Smith (Pistoleiro) é poupado das entrevistas. Além disso, Adewale Akinnuoye-Agbaje, o Crocodilo, prefere não dar entrevista de maquiagem – ele circula pelo set segurando um guarda-sol amarelo para que nada derreta
20.O diretor David Ayer é o último a falar conosco. Ele conversa por pouco mais de 5 minutos antes de ser chamado de volta ao set. Apesar das maratonas de gravação, parece enérgico e empolgado. “Não estou preocupado com a parte dos negócios. Eu só quero fazer um filme incrível. Eu quero contar uma história de pessoas quebradas que querem ficar juntas”, ele nos diz. Com essas palavras em mente, nós nos despedimos do set às 20h, ainda sob a luz do dia